fonte: Faperj

Uma estratégia que pode reduzir o custo dos procedimentos laboratoriais e, assim, baratear um dos tratamentos mais modernos contra a leucemia foi a vencedora da categoria Inovação Tecnológica em Oncologia do 11º Prêmio Octavio Frias de Oliveira. Desenvolvido no Instituto Nacional de Câncer (Inca), sob a coordenação do pesquisador Martín Hernán Bonamino, que vem realizando seus estudos com recursos do programa Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ, o projeto propõe um novo caminho para alterar o DNA das células T (do sistema imunológico) na corrente sanguínea. O Prêmio, promovido pelo Instituto de Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) e do Grupo Folha, foi entregue durante cerimônia virtual realizada no dia 5 de agosto. Em sua categoria, o Inca concorreu com trabalhos do A.C Camargo Cancer Center e o próprio Icesp.

O trabalho vencedor, intitulado Development of CAR-T cell therapy for B-ALL using a point-of-care approach, foi publicado em abril de 2020 na revista Oncoimmunology. Durante o processo de pesquisa, o autor sênior do estudo, Bonamino, orientou a dissertação de mestrado da aluna e bióloga Luiza de Macedo Abdo, no Programa de Pós-Graduação em Oncologia (PPGO-Inca). Em um dos tratamentos mais modernos contra a leucemia, as células T são extraídas do paciente, alteradas geneticamente e reinseridas no organismo. Elas então conseguem reconhecer e atacar as células cancerosas. A principal contribuição da pesquisa é permitir a redução do tempo e complexidade das manipulações no laboratório, o que pode diminuir bastante o preço do procedimento, reconhecido como um dos tratamentos mais custosos na Oncologia.

Bonamino destacou a importância da premiação para a pesquisa científica nacional na área de Oncologia. “O prêmio representa um importante reconhecimento às contribuições científicas brasileiras na Oncologia. Nosso trabalho foi o vencedor na categoria Inovação Tecnológica, demonstrando o grande potencial das pesquisas desenvolvidas no Inca”, ressaltou. Ele acrescentou que os benefícios serão revertidos aos pacientes. “Este trabalho ilustra o grande impacto da pós-graduação no desenvolvimento científico e tecnológico do Inca e abre a possibilidade de novos tratamentos para os pacientes da instituição”, explicou o pesquisador, que também foi contemplado pela FAPERJ por meio do edital Apoio a Grupos Emergentes de Pesquisa.

A mestranda Luiza Abdo espera que o prêmio encoraje outros pesquisadores. “O apoio do meu grupo de pesquisa e, principalmente, do meu orientador Martín Bonamino, foram essenciais para o desenvolvimento do trabalho. Ganhar o 11° Prêmio Octavio Frias de Oliveira é um mérito de todos, além de ser um importante incentivo pessoal para continuar na carreira científica. Espero que isso inspire outros jovens pesquisadores”, disse orgulhosa.

O trabalho foi desenvolvido integralmente no Inca, com financiamento do próprio instituto, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), da FAPERJ, do Programa de Oncobiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do programa Inova, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O prêmio Octavio Frias de Oliveira, que leva o nome do então publisher da Folha de São Paulo, morto em 2007, tem três categorias: Pesquisa em Oncologia, Inovação Tecnológica em Oncologia e Personalidade de Destaque.